quinta-feira, 15 de julho de 2010

O PROFESSOR GOLFINHO

O professor golfinho era sábio e tolerante.
Achava que os castigos não davam resultados e preferia sempre convencer os alunos da necessidade de estudar a sério.
Mas os alunos não lhe prestavam a menor atenção.
O professor golfinho sofria com isso, mas não dizia nada.
Nunca se chateava e nem se queixava.
As travessuras durante a aula aumentavam cada vez mais.
Uma tarde, o ursinho quis pregar um belo susto à esquilinha.
Levantou-se de sua carteira sem pedir autorização ao professor e, quando já estava se aproximando de sua colega,
tropeçou em um armário, fazendo com que este caísse em cima da cabeça do professor golfinho.
O professor teve de ficar ausente da classe por vários dias, e foi contratado para substituí-lo o professor atum,
que era conhecido em todo o oceano por sua severidade.
Castigava a turma inteira pelo menor deslize de qualquer aluno.
- O primeiro que ousar fazer bagunça, leva quarenta reguadas e é expulso do colégio! costumava dizer o professor atum.
Como era de se esperar, todos os alunos da turma tinham saudades do professor golfinho.
Mal podiam esperar que retornasse às aulas.
Chegaram a se comprometer com ele que iriam portar-se muito bem e que estudariam muito.
Quando se restabeleceu, o professor golfinho voltou para sua turma, que chegou a ser a mais brilhante e estudiosa
de toda a escola.
O professor tinha demonstrado que a tolerância e a persuasão são sempre preferíveis aos castigos.
Todos reconheceram, afinal, que seu método de ensino, baseado no amor e na tolerância davam ótimos resultados.
Moral da história queridos, é a pedagogia divina, a pedagogia do amor.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A VELHA RABUGENTA


Que vêem amigas? Que vêem? Que pensam quando me olham? Uma velha rabugento não muito inteligente de hábitos incertos, com seus olhos sonhadores fixos ao longe? A velha que cospe comida que não responde ao tentar ser convencida... “De, fazer um pequeno esforço?" A velha, que vocês acreditam que não se dá conta das coisas que vocês fazem e que continuamente perde a sua escova ou o sapato? A velha, que contra sua vontade, mas humildemente lhes permite a fazer o que queiram, que me banhem e me alimentem só para o dia passar mais depressa.... É isso que vocês acham? É isso que vocês vêem? Se assim for, abram os olhos, amigas, porque isso que vocês vêem não sou eu! Vou lhes dizer quem sou, quando estou sentada aqui, Tão tranquila como me ordenaram... Sou uma menina de 10 anos, que tem pai e mãe, irmãos e irmãs que se amam. Sou uma jovenzinha de 16 anos. Com asas nos pés, e que sonha encontrar seu amado. Sou uma noiva aos 20, Que o coração salta nas lembranças, Quando fiz a promessa. Que me uniu até o fim de meus dias com o AMOR de minha vida. Sou ainda uma moça com 25 anos, Que tem seus filhos, Que precisam que eu os guie... Tenho um lugar seguro e feliz! Sou a mulher com 30 anos. Onde os filhos crescem rápido, E estamos unidos com laços que deveriam durar para sempre... Quando tenho 40 anos Meus filhos já cresceram E não estão em casa... Mas ao meu lado está meu marido Que me acalente quando estou triste. Aos cinquenta, mais uma vez comigo deixam os bebés, meus netos, e de novo tenho a alegria das crianças, meus entes queridos junto a mim. Aos 60 anos, sobre mim nuvens escuras aparecem, meu marido está morto; e quando olho meu futuro me arrepio toda de terror. Os meus filhos se foram, e agora tem os seus próprios filhos... Então penso em tudo o que aconteceu e no amor que conheci. Agora sou uma velha. Que cruel é a natureza.... A velhice é uma piada. Que transforma um ser humano. Em um alienado. O corpo murcha. Os atractivos e a força desaparecem. Ali onde uma vez teve um coração. Agora há uma pedra. No entanto, nestas ruínas, a menina de 16 anos ainda está viva. E o meu coração cansado, ainda está repleto de sentimentos. Vivos e conhecidos. Recordo os dias felizes e tristes. Em meus pensamentos volto a amar e a viver o meu passado. Penso em todos esses anos Que foram, ao mesmo tempo poucos. Mas que passaram muito rápido, e aceito o inevitável.. Que nada pode durar para sempre... por isso, abram seus olhos e vejam. Diante de vocês não está uma velha mal-humorada. Diante de vocês estou apenas “EU...” Uma menina, mulher e senhora. Viva...!! E com todos os sentimentos de uma vida...
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sexta-feira, 2 de julho de 2010

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS


"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.

Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.

As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam

poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,

cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir

assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.


'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,

minha alma tem pressa...

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,

muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com

triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,

O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!"


Mário de Andrade

(1893-1945)

Como é sábio este texto, sempre tentei que o essencial fizesse parte da minha vida. Mas nesta etapa da minha vida, também penso como Mário de Andrade: basta o essencial para fazer com que a vida valha a pena, vivendo um dia de cada vez, vivendo todos os momentos que nos são postos no caminho, quer sejam bons ou maus, mas colhendo sempre o essencial de tudo e vivendo cada dia como se fosse o último.