terça-feira, 29 de setembro de 2009

Pôr do sol visto da minha varanda


Como é bom sentar-me na minha varanda e poder apreciar este espetàculo da natureza.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Viagem pelos sentidos da minha infância


Fecho os olhos
Mesmo assim consigo ver os coqueiros a perder de vista
As mangueiras do meu quintal
O manto branco das culturas do algodão
E as plantações de milho todas enfileiradas
E o festival de pirilampos á noite, em que o céu se confundia com a terra
Eram apenas estrelas que cintilavam por todo o lado
Como era belo aquele espectáculo
Estrelas que eu conseguia apanhar e com elas brincar
Visto á distancia também os pirilampos formavam constelações
E o esvoaçar das libelinhas, mais pareciam helicópteros
E o colorido das capulanas que contrastavam com a pele negra da mulheres moçambicanas.

Fecho os olhos
E consigo ouvir o canto das cigarras ao meio dia
Mais pareciam cânticos das deusas de embalar
Consigo ouvir o coaxar das rãs junto aos riachos
Os batuques que se ouviam ao longe
O chilrear dos pardais
Que as cobras encantavam
Penduradas nos mangais
Mais parecia uma sinfonia
Ah o som das marrabentas e das danças tradicionais.

Fecho os olhos
E consigo lembrar o cheiro da terra molhada depois de uma trovoada
O cheiro das frutas maduras
A goiaba, a manga e o ananás
Ah o cheiro do meu país
Que tantas saudades me traz.

Fecho os olhos
E consigo sentir o toque da terra
Nos meus pezinhos descalços
E o calor abrasador que secava o algodão
Em cima do qual me estendia
A fixar o céu
Em cada final de dia

Fecho os olhos
E consigo sentir o paladar das frutas tropicais
E das comidas tradicionais
O sabor do marisco fresco acabado de pescar
O sabor da água de coco
E do seu miolo comido á colherada antes de a copra estar formada
O sabor do suco do caju que por mim era sugado do fruto colhido na hora
E o sabor do amendoim torrado no forno da minha mãe

Fecho os olhos
E posso sentir a saudade da minha terra
Que trago no coração
E quero um dia matar
Quando lá puder voltar.

Fecho os olhos
Muito mais podia contar
Do que consigo sentir
Quando penso no meu país
Onde vivi tão feliz
E que tive que deixar.

Autora: Fátima Catarino

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Esta oração tocou o meu coração


Oração a Mim Mesmo (Oswaldo Antônio Begiato) May 25, '07 9:09 PM
for everyone
Que eu me permita
olhar e escutar e sonhar mais.
Falar menos.
Chorar menos.
Ver nos olhos de quem me vê
a admiração que eles me têm
e não a inveja que, prepotentemente, penso que têm.
Escutar com meus ouvidos atentos
e minha boca estática,
as palavras que se fazem gestos
e os gestos que se fazem palavras.
Permitir sempre
escutar aquilo que eu não tenho
me permitido escutar.
Saber realizar
os sonhos que nascem em mim
e por mim
e comigo morrem por eu não os saber sonhos.
Então, que eu possa viver
os sonhos possíveis
e os impossíveis;
aqueles que morrem
e ressuscitam
a cada novo fruto,
a cada nova flor,
a cada novo calor,
a cada nova geada,
a cada novo dia.
Que eu possa sonhar o ar,
sonhar o mar,
sonhar o amar,
sonhar o amalgamar.
Que eu me permita o silêncio das formas,
dos movimentos,
do impossível,
da imensidão de toda profundeza.
Que eu possa substituir minhas palavras
pelo toque,
pelo sentir,
pelo compreender,
pelo segredo das coisas mais raras,
pela oração mental
(aquela que a alma cria e
que só ela, alma, ouve
e só ela, alma, responde).
Que eu saiba dimensionar o calor,
experimentar a forma,
vislumbrar as curvas,
desenhar as retas,
e aprender o sabor da exuberância
que se mostra
nas pequenas manifestações
da vida.
Que eu saiba reproduzir na alma a imagem
que entra pelos meus olhos
fazendo-me parte suprema da natureza,
criando-me
e recriando-me a cada instante.
Que eu possa chorar menos de tristeza
e mais de contentamentos.
Que meu choro não seja em vão,
que em vão não sejam
minhas dúvidas.
Que eu saiba perder meus caminhos
mas saiba recuperar meus destinos
com dignidade.
Que eu não tenha medo de nada,
principalmente de mim mesmo:
- Que eu não tenha medo de meus medos!
Que eu adormeça
toda vez que for derramar lágrimas inúteis,
e desperte com o coração cheio de esperanças.
Que eu faça de mim um homem sereno
dentro de minha própria turbulência,
sábio dentro de meus limites
pequenos e inexatos,
humilde diante de minhas grandezas
tolas e ingênuas
(que eu me mostre o quanto são pequenas
minhas grandezas
e o quanto é valiosa
minha pequenez).
Que eu me permita ser mãe,
ser pai,
e, se for preciso,
ser órfão.
Permita-me eu ensinar o pouco que sei
e aprender o muito que não sei,
traduzir o que os mestres ensinaram
e compreender a alegria
com que os simples traduzem suas experiências;
respeitar incondicionalmente
o ser;
o ser por si só,
por mais nada que possa ter além de sua essência,
auxiliar a solidão de quem chegou,
render-me ao motivo de quem partiu
e aceitar a saudade de quem ficou.
Que eu possa amar
e ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado,
fazer gentilezas quando recebo carinhos;
fazer carinhos mesmo quando não recebo
gentilezas.
Que eu jamais fique só,
mesmo quando
eu me queira só.
Amém.
(ORAÇÃO A MIM MESMO - Oswaldo Antônio Begiato)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009